sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

o castanho dos meus cabelos
se enrolam entre as pontas de seus dedos
mas eles não podem mais
ficar ao vento
não mais.
já que o fogo do meu peito
se inundou no seu
coração
dos cantos dos meus olhos
ao suor do teu sorriso.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

sem mais manhãs iguais
e salvas do meu vício
que eu recuperei
e que eu perdi no encanto dos seus joelhos
que me levam ao inferno de cada dia
a cada vez que os lembro.

do seu corpo sendo levado pelo mar
dos seus pequenos medos
que eu não pude
e nem vou curar.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

oração para reginaldo.

que os teus cabelos permaneçam insanos. que tua ternura esteja inevitável. que o teu caminho descaminhe-nos somente o necessário. que a tua estrada seja somente retina, memória e sopro de sorriso. que teus planetas se compartilhem na areia da praia. que teus dedos suem o mais puro penar. que suas botas sejam levadas pelo mar. que deus venha em forma de mais melodia e troca em nossas vidas. que haja tempo para mais, sempre mais. e por fim, que a tua loucura permaneça intacta (dentro do coração).
Hélio.
usando o quadro com a foto do primeiro beijo,
quebrou-os.
junto, quebrou-se a dignidade
dele, a última pele dela,
o verde inquebrável dos olhos
dele, a última violência dela.

caberia nas tuas mãos,
cara-pálida,
a mágoa do mundo?

porque eu te daria,
se só pudesse levar a desdita
para longe de nossa casa.

sábado, 25 de outubro de 2008

você morreu, o amor.

seria banal demais, ele disse.
eu?
não, o amor.
e pensar que jurei meu amor,
nossos olhos se entrelaçando, nossos corpos se olhando,
e cá estou eu mais um vez,
banalizando.

domingo, 12 de outubro de 2008

não tenho memória

Fico
imaginando que enquanto
rou as unhas,
estamos flutuando entre as pessoas
e
seus rostos
borrados de mesmice.
Eu não queria acordar, queria poder dizer

que sempre estive sonhando,
mas não durmo,

não consigo dormir.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

ao relento, o vento
sopra desvairadamente
quem ama, sente
doer a ferida, ostenta,
mas não consente

sábado, 13 de setembro de 2008

só ele não vê

(mas um dia ele há de me ver,
andando descalça, sapato nas mãos
com aquele sorriso de aeroplano & júpiter
e ele vai se tocar para sempre).

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

uma bondade complicada


Uma vez na igreja, nós estavamos de uma atividade de perguntas e respostas na qual o Boca fazia as perguntas e nós respondiamos todos ao mesmo tempo e todas as respostas deveriam ser Jesus Cristo, mas toda hora a Tash dizia John Lennon em vez de Jesus Cristo. Minha mãe tentava neutralizá-la com seus Jesus Cristos e ai Tash começou a falar seus John Lennons por cima dela, um atrás do outro e bem rápido. Mais tarde, no carro, minha mãe disse que Tash não tinha jeito e Tash disse que minha mãe estava fingindo isso por causa do meu pai e meu pai perguntou fingindo o quê? Fingindo estar furiosa. E meu pai disse furiosa a respeito de quê? A respeito de John Lennon, Tash disse. E então meu pai perguntou quem era John Lennon e Tash pediu permissão para se matar - minha mãe fez uma cara de alegre, quer dizer, não triste, e o meu pai ficou confuso como sempre.

Os autores favoritos do meu pai eram C.S. Lewis e W.B. Yeats. Ele disse que os dois eram habeis artifices do texto. Uma vez ele me contou que gostava da sensação de ser atraido pela plenitude misteriosa das inicias. Sussurrei obrigada pai e depois fiquei olhando para o meu poster que era uma reprodução do quadro O Mundo de Cristina.
Deitei na cama e fiquei pensando no Travis, nas suas mão verdes com poros enormes, nas suas combinações favoritas e no modo como ele sempre me lembrava de ligar a seta quando fosse virar. Nomi, ele disse, você só tem que se dar conta que as outras pessoas precisam saber onde você esta indo. Mas não tem ninguém atras de mim, eu disse para ele. E ele disse, com toda a segurança, que algum dia poderia ter.

" Prepare tudo que é seu, veja se nada você esqueceu, pois amanhã vamos para rua fazer, fazer uma tremenda anarquia, pintar as ruas de alegria, porque, quem manda hoje somos nós, mais ninguém"
Ronnie Von

Como envelhecer rápido
Me lembro perfeitamente de seu olhar, azul límpido do céu de ontem, sua inocência, a expressão cinza da poluição de hoje na testa; um olhar que chove nos dias alegres, nos tempos de saudade, (me considero uma saudosista por sua causa) mas meu chover já não se faz tanto, época de seca por aqui, nem a memória quer crescer. Consigo me lembrar dos melhores momentos da minha infância junto a você, pegando a antiga estrada p'ra casa, cheia de pó, com canções que degustavam doce de leite, as janelas da velha caminhonete cheiravam à rede de casa de campo, e o vento chicoteava nossos cabelos. Foram bons tempos, mas você achou quem vendesse felicidade fácil, a felicidade se compra em qualquer esquina, confesso que já comprei inúmeras vezes, ainda compro, mesmo achando que não precise mais; sentia que caia de um precipício, muito rápido, um frio na barriga que sai pela boca , -esta aí, pensei, é o grito da liberdade entrando pela minha garganta, era só nisso que havia validade p'ra vida, viver caindo dentro do buraco chamado felicidade, até esse ponto somos todos livres, foi a primeira vez que passei a enxergar as grades, levantei com uma orquestra de tambores na minha cabeça e decidi sair dançando.

terça-feira, 15 de julho de 2008

malfadado
descaso,
mal amado
por acaso.
minhas feridas doem
propensas ao eterno;
toda maldade há de ter
um fim terno;
a ignorância é ouro!
vamos ligar a TV.
a lucidez
alucina
Eu posto:
bela
campina!
é o fim
morreu
a
menina.

(não é uma maravilha, mas é o que sinto, feliz natal)
Já não se faz filmes como antigamente
mas ainda me perco dentro de um café,
enquanto tento te descobrir
teus olhos me devoram,
e eu gosto.
Os atores não precisam mais fingir que é só ficção,
talvez não devesse questionar como
tudo aconteceu
e perceber, de repente,
que ainda nem começou.

70'

Por favor galera, estamos nus!
Viajamos pelo florão da América num transbunde total.
Mandem roupas, não importa a cor, o sabor ou o sexo,
só ajudem Zana, Lola e Virginía a se vestirem
Enviem para rua São Joaquim 231
Rio de Janeiro, 8598769, falar com Dedé.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

As cores mudaram, alguns ideais continuam os mesmos.
A dúvida é, será que daqui a 40 anos ainda continuaremos comemorando?

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Minhas coisas estão morrendo...
a lagrima - se bastaria para si:
- Mas orquestrar os próprios ossos!

Quer dizer
existe um carnaval
existe também um carnaval
porque não viverá sempre o homem
entoando o mesmo requiém?

Minhas coisas já estão mortas
eu sei.

Quer dizer
existe um carnaval
e existirá também o meu funeral
e lá - estará também o amor já morto:
- Mas orquestrar os próprios ossos!

que se cocem os românticos!
meu violino não executará este fado.

terça-feira, 29 de abril de 2008

está chovendo sem parar;
uma chuva sem direção;
ela escorre pelas ruas
vazias do meu coração.

domingo, 20 de abril de 2008

"quando eu era criança sonhava todas as noites que arrancava os olhos de todo mundo e só eu podia enxergar o quanto era feio eu ser como sou."

Tati Bernardi

segunda-feira, 31 de março de 2008

Você pode pisar na mesma merda duas vezes


E até esquecer que a banana tem caroço




Você pode chamar o seu pai de meu filho





Tirar a vida do eixo e botá-la nos trilhos






E se a Terra é uma laranja




É claro que você não é





De isopor