segunda-feira, 4 de agosto de 2008

uma bondade complicada


Uma vez na igreja, nós estavamos de uma atividade de perguntas e respostas na qual o Boca fazia as perguntas e nós respondiamos todos ao mesmo tempo e todas as respostas deveriam ser Jesus Cristo, mas toda hora a Tash dizia John Lennon em vez de Jesus Cristo. Minha mãe tentava neutralizá-la com seus Jesus Cristos e ai Tash começou a falar seus John Lennons por cima dela, um atrás do outro e bem rápido. Mais tarde, no carro, minha mãe disse que Tash não tinha jeito e Tash disse que minha mãe estava fingindo isso por causa do meu pai e meu pai perguntou fingindo o quê? Fingindo estar furiosa. E meu pai disse furiosa a respeito de quê? A respeito de John Lennon, Tash disse. E então meu pai perguntou quem era John Lennon e Tash pediu permissão para se matar - minha mãe fez uma cara de alegre, quer dizer, não triste, e o meu pai ficou confuso como sempre.

Os autores favoritos do meu pai eram C.S. Lewis e W.B. Yeats. Ele disse que os dois eram habeis artifices do texto. Uma vez ele me contou que gostava da sensação de ser atraido pela plenitude misteriosa das inicias. Sussurrei obrigada pai e depois fiquei olhando para o meu poster que era uma reprodução do quadro O Mundo de Cristina.
Deitei na cama e fiquei pensando no Travis, nas suas mão verdes com poros enormes, nas suas combinações favoritas e no modo como ele sempre me lembrava de ligar a seta quando fosse virar. Nomi, ele disse, você só tem que se dar conta que as outras pessoas precisam saber onde você esta indo. Mas não tem ninguém atras de mim, eu disse para ele. E ele disse, com toda a segurança, que algum dia poderia ter.

2 comentários:

Arthur disse...

não sei bem se atrás, mas do lado sempre pode ser uma boa companhia!

Diego Medeiros disse...

...algum dia poderia ter... alguém que mencionasse palavras desconexas bem atrás de você. Seria, quiçá, um dejà vu religioso.